terça-feira, 28 de setembro de 2010

A graça da "flor jornal"

Assim que amanhecia o dia, vinha da cozinha o som do jornal, que triscava a porta, se arrastava lentamente por esta, até que repousava no tapete velho da entrada de serviço. A porta da escada se ouvia fechar devagarinho, tranquila como a manhã do Brooklin, e o zelador baiano se arredava na ponta dos pés. Mal tinham se apagado as luzes do hall, que clareavam as frestas ao redor da porta, e meu pai já estava a caminho. Abria a porta com o cuidado paterno de não acordar esposa e filha que ainda dormem. Eu, tomando café, sempre assistia.

Meu pai pegava o jornal como quem colhe uma flor.

Um comentário:

  1. Grande Arthur!!! Que bela maneira de enxergar seu pai. Já vi muito dele assim, essa colheita diária enriquece. Beijos!

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