quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Para meus amigos do Tortula

Chorei, o choro de um filho caçula
Jogado às mesas do Tortula
Exposto aos gritos da avenida
E só assim eu tenho amparo
Caído aos pés da Santo Amaro
Em meio arranques de partida

Quanta vida
Se vive nesse vai e vem
Eu vou tomar a saideira
Parar um Terminal Bandeira
E embarcar nessa vida também.

Me leva, me envolve, me prende
Na tua irregularidade
Faz garoa da tempestade
São Paulo, o paulistano só te entende.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Sábado a noite. Nem tão a noite assim, na verdade, estávamos na casa da Laurinha, eu, ela e o André, meu irmão por opção. E estávamos envelhecendo.
Envelhecendo sim, porque, sábado a noite é dia de entornar algumas cervejas, voltar para casa de madrugada, usar umas drogas, ouvir som alto até o chato do vizinho chamar a polícia, transar com alguém que você não vai se lembrar no dia seguinte, ou tudo isso na mesma noite! Mas nós estávamos em casa, comendo carne crua, bebendo coca cola, e pior de tudo, estávamos jogando Stop.
Alguém se lembra de jogar stop, quando menor? Bom, se você não se lembra, esqueça toda aquela infância que você acha que teve, por que se você não jogou stop, infância você também não teve (seu caso se agrava caso você nunca tenha assistido Rei Leão).
Nesse caso, talvez nem estivéssemos envelhecendo, e sim rejuvenescendo. Se bem que, no processo de envelhecer, os adultos sempre tomam mais vinho, fumam menos cigarro, esquecem da maconha, e sim, voltam a jogas stop e andar de bicicleta. Coisa de velho.
Nem teria sido um acontecimento marcante para mim se tivéssemos nos restringido a jogar nosso bom e querido stop. Mas fazer qualquer coisa com o André passa a estar sem restrições, e a qualquer momento ele pode engatilhar e disparar para cima de você uma de suas barbaridades. Não que ele seja burro, de forma alguma, em sentido nenhum. Mas o cara confunde um pouco as coisas, e fala na lata, não perde muito tempo ensaiando para falar. E esse dia não foi exceção.
Animal com "n". Eu estava travado no animal com "n", e eu vi que a Laurinha também estava. Não foi difícil perceber, alias, porque da sua descompensada fúria competitiva transbordava uma angústia de não saber alguma palavra. De canto de olho, eu vi que ela buscava nas profundezas da sua memória algum animal com "n". Menos mal que ela também não soubesse. O andré demonstrava tranquilidade.
Foi quando ele disparou:
- Eu to em dúvida no animal com "n".
Eu não acreditei que ele sabia um!
- Se eu falar qual eu to pensando, vocês juram que não colocam?
Eu já tava era de saco cheio daquele jogo, odeio pressão para cima de mim. Eu jurei, a Laurinha relutou mas jurou também. E eis que veio a pergunta.
- Ninfeta é animal?

Um remorso me tomou conta. Um imensurável arrependimento de, em outra rodada do jogo, quando tive que escolher um animal com "a", ter optado pela anta.
Devia ter optado por "André".

terça-feira, 2 de novembro de 2010

O jornal me esqueceu

Dilma terá poder de fogo restrito para ampliar estatais.
Eleição legislativa nos EUA deve mudar rumos da política no país.
Fitipaldi acelera pelas ruas de São paulo.
Desvalorização do dolar.
Brasil vence porto rico no mundial de voley feminino.
Lula quer Mantega e Meirelles no próxio governo.

Mas o jornal esqueceu de avisar que eu estou sozinho.
Triste, disfarçadamente triste, e sozinho.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Volta

Será possível, Me diz
Ser singular o meu artigo
Se eu ainda não sei ser feliz
comigo, apenas comigo?